segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dia do Sexo


No ano passado, a marca de preservativos Olla promoveu uma campanha para que o dia 6 de setembro fosse considerado o Dia do Sexo. Por que 6 de setembro? Ah, porque é 6/9, "tendel"?!
Acho que nesse dia vale lembrar uma coisa às mulheres: não finja orgasmo, nem sinta-se na obrigação de ter um. O texto de Luciana Esteves fala muito bem sobre essa paranóia orgástica que existe na cabeça de muitas mulheres.
De um lado, as revistas femininas ensinam como fazer para chegar até ele e multiplicá-lo. Do outro, os homens cobram performances excepcionais e uma contínua resposta afirmativa para a fatídica pergunta: gozou? No meio desta história, aparece você, desesperada, porque não consegue fazer com que o orgasmo faça parte de sua rotina, assim como escovar dentes e jogar o lixo fora.

Mas porque tanta paranóia? Provavelmente porque o manual “como chegar ao orgasmo” daquela revista que você leu parece tão simples quanto uma receita de bolo de chocolate ou porque suas amigas descrevem com maestria as sensações extraordinárias que têm todas as noites com os seus respectivos e eficientes namorados. Talvez você ainda não tenha parado para pensar que, assim como você, muitas delas podem ter o mesmo medo de se sentir “diferentes” ou até mesmo “incapazes” e assim o mito do orgasmo vai sendo alimentado. “Sempre tive muita vergonha de nunca ter conseguido ‘chegar lá’. Na verdade acho que consegui uma vez... mas já tem algum tempo. O problema é que não conseguia me abrir com minhas amigas e ficava me sentindo uma extraterrestre enquanto elas falavam que gozavam horrores. Até que uma das minhas melhores amigas me disse que tinha a maior dificuldade de chegar ao orgasmo. Foi um alívio!”, revela Karina Pontes, 25 anos.

O pior é que a mentira acaba não se restringindo às amigas e a cama revela verdadeiras atrizes, capazes de simular contrações e emitir sons poderosíssimos. Tudo em nome da “normalidade”. Seria bem mais fácil dizer: “Não gozei, e daí?”, mas a preocupação em ferir o sensível ego do parceiro acaba falando mais alto e o que era para ser bom, vira um tormento. Solange Rezende, 24 anos, que o diga. “O meu ex-noivo queria transar sempre, não importava se eu estava estressada ou com problemas, tinha que acontecer sempre que ele quisesse. Então, era super difícil chegar ao orgasmo. No começo do nosso namoro, ele dizia que era o fim eu não gozar antes ou junto com ele, e como eu gostava muito dele passei a mentir, mas me sentia muito mal com essa situação. Com o tempo fui me sentindo frustrada, porque eu só conseguia gozar quando me masturbava. Enfim, comecei a me sentir sozinha, não queria mais fazer com ele, até que um ano depois terminamos porque eu não estava mais disposta a ficar fingindo. Foi quando descobri que podia encontrar alguém que me compreendesse”, lembra.

Definitivamente, obrigação é uma palavra que não combina com orgasmo. A ansiedade de conquistar o tão sonhado prazer somada à pressão, seja do namorado, das amigas ou até do seu subconsciente, diminui, significativamente, suas chances de conseguir o que quer. Segundo a psicanalista Maria Helena Junqueira, quanto maior a exigência, maior a dificuldade. “O sexo vem sendo tratado como uma coisa técnica, como se fosse uma ginástica ou uma performance, e não uma relação íntima. Se o orgasmo for visto como uma meta, a mulher perde a espontaneidade e não consegue se entregar”, alerta.

Não é só. O fato de não se conseguir chegar ao orgasmo não impede que se sinta prazer. “O problema é que existe uma expectativa de que a mulher seja uma produtora de orgasmos, múltiplos de preferência, mas pode-se ter prazer sexual em outro nível”, afirma Maria Helena. Natasha Leal, 32 anos, concorda. “Eu sinto muito prazer independente de chegar ou não ao orgasmo. O mais importante é o tesão que o cara consegue me proporcionar”, avalia. E ao contrário do que se grita aos quatro cantos, não é todo dia, nem toda hora e nem tão fácil como se diz. A mulher precisa se conhecer muito bem e ser capaz de ensinar perfeitamente o caminho das pedras ao seu ‘escolhido’. Fabrícia Neves, 25 anos, garante que foram necessários alguns anos para que seu namorado conhecesse os pontos mágicos do seu corpo. “Nós estamos juntos há cinco anos e a cada dia que passa o Gabriel descobre novas formas de me satisfazer. Eu nunca cheguei ao orgasmo com a penetração pura e simples, sempre foi preciso alguma ‘ajuda externa’, e nós só descobrimos isso com o tempo, com a intimidade do relacionamento”, revela.

Muitas vezes um bom desempenho não é suficiente para garantir orgasmos à la Nove semanas e ½ de amor. Compreensão e diálogo também são essenciais. A mesma Solange que precisou fingir inúmeras vezes para não decepcionar seu ex-noivo, hoje vive uma relação completamente diferente. “Meu atual namorado é super compreensivo, maduro e, acima de tudo, me respeita. É claro que não são todas as vezes que eu consigo gozar, isso é óbvio, mas temos a maior sintonia e ele não se sente culpado quando eu não consigo”, garante.

Então, não se sinta uma estranha no ninho quando suas amigas voltarem a descrever suas proezas sexuais e seus orgasmos intermináveis. Talvez elas sejam ótimas em marketing pessoal...

Obs: A imagem que ilustra o post é do filme Harry e Sally, naquela cena memorável em que a personagem de Meg Ryan finge um orgasmo sentada na mesa de um restaurante.
Roubei da  interney.com

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